quinta-feira, 29 de junho de 2017

Restaurado, velho prédio dos Correios é novo polo cultural de São Paulo

Na década de 60, quantas vezes, ao passar pelo centro da cidade, não fui até o velho prédio do Palácio dos Correios para postar uma correspondência, redigir e enviar telegramas, retirar ou mandar encomendas para os familiares que moravam em Minas Gerais. Não raro, enfrentava grandes filas, tal era a demanda de pessoas que utilizavam, com a mesma finalidade, a Agência Central na Praça Alfredo Lessa, mais conhecida como Praça dos Correios, com entrada principal pela Av.Prestes Mais, esquina com a Av. São João.

foto: divulgação
O edifício, no centro histórico da capital, chama atenção por sua arquitetura representativa do início do século XX, com características ecléticas e linhas neoclássicas e influências renascentistas. 

Durante décadas foi a sede da Diretoria Regional dos Correios. Sua inauguração ocorreu em 20 de outubro de 1922,  pelo presidente da República, Epitácio Pessoa, dentro do programa de comemorações do Centenário da Independência. A construção foi iniciada em 7 de outubro de 1920, seguindo projeto do escritório técnico de Ramos de Azevedo. O lançamento da pedra fundamental teve a presença de personalidades ilustres, como o rei Alberto I, da Bélgica.

foto: divulgação
A construção fez parte de um amplo processo de modernização do centro da cidade de São Paulo, num período em que surgiram edifícios, entre os quais  o Teatro Municipal, e obras viárias incluindo  o Viaduto do Chá. O prédio dos Correios destacou-se na paisagem do Vale do Anhangabaú, numa fase de transformação por que passava a cidade e sua localização na área central foi definida pela proximidade com as vias férreas e a oferta de transporte urbano rápido da época (bondes).

foto: divulgação
Depois de várias reformas internas no período de 1950 a 1978, ainda na década de 70 as suas atividades administrativas foram transferidas para um endereço na Vila Leopoldina, na Zona Oeste da capital e na sede original ficaram apenas os serviços gerais de postagem. Em 2005 houve a última e maior obra de restauração, incluindo a fachada, que se destaca á  noite com sua iluminação por lâmpadas de LED. 

A partir de 30 de janeiro de 2008, os Correios reinauguraram as novas instalações da Agência Central de São Paulo, que é a maior dlo país, com 4.838 m2, tem 42 guichês de atendimento e 150 funcionários.

O prédio é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo
e  pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. Ocupa uma área construída de 15 mil m2 distribuídos em cinco pavimentos. A Agência Central de São Paulo fica no térreo e no mezanino estão a Agência Filatélica D. Pedro II e um espaço para exposições. No saguão funciona uma unidade do Banco Postal.

Desde julho de 2013 o imponente e revitalizado prédio transformou-se num novo e atraente polo cultural e turístico da capital com a inauguração do Centro Cultural Correios São Paulo, nos andares superiores. Em sua área de 1.280 metros quadrados, nas duas salas de exposições e no saguão, são apresentadas atividades regulares e gratuitas, nos campos das artes visuais, humanidades e de música, sempre de terça-feira a domingo.
foto divulgação

A primeira mostra foi “Poteiro por Inteiro”, retrospectiva inédita da obra de Antonio Poteiro, um dos mais conhecidos nomes da arte popular brasileira, que se estendeu até o dia 4 de setembro. A última exposição, encerrada no dia 25 deste mês, “Experiência Munduruku”, contou a história do povo que vive na região amazônica há gerações, em harmonia com o rio e toda a rede de vida que o Tapajós proporciona, e sua luta para impedir a instalação de hidrelétricas e pela proteção de suas terras. Aguardamos a próxima exposição.        

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