quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Na Primavera, Holambra recebe com chuva de flores
 
foto: Ateliê da Notícia

Quem não foi, ainda terá tempo de sobra para dar um pulinho até lá. Afinal, a 36ª Expoflora em Holambra, aberta no último fim de semana de agosto, só terminará em 24 de setembro, em plena primavera. Uma atração imperdível está reservada sempre para o fim da tarde, quando os milhares de turistas são brindados com o fantástico espetáculo da chuva de pétalas. Cerca de 150 quilos de pétalas coloridas, correspondendo a 800 dúzias ou 18 mil botões despetelados um a um, são lançados, por um equipamento especial, sobre a multidão, ao ar livre. 

Se você acredita em lendas, então tente pegar uma pétala antes de cair no chão, faça um pedido e o seu desejo será atendido. Não custa tentar. A Estação mais aguardada do ano fica assim ainda mais irresistível nesta pequena e acolhedora estância turística, distante 140 quilômetros da capital paulista e bem próxima de Campinas.

Em sua primeira edição, em 1981, o evento, organizado  por alguns produtores de flores e plantas da Cooperativa Agropecuária Holambra, teve a  duração de apenas um fim de semana e atraiu um público de 12 mil pessoas. Na nona edição, em 1989, com sua fama ultrapassando as fronteiras do país, e explorando o slogan “Uma Festa Tipicamente Holandesa”, recebeu 150 mil visitantes. Um número que agora, a exemplo do ano passado, de acordo com a expectativa dos cerca de 500 produtores das Cooperativas Veiling  e  Cooperflora, deverá manter-se em torno de 300 mil pessoas nos 16 dias de sua realização, de sexta a domingo. E, neste ano, incluindo também o feriado de 7 de Setembro.

A cada ano a Expoflora consolida a sua condição de a maior exposição de
foto: Ateliê da Noticia
flores e plantas ornamentais da América Latina, além de ter se tornado um produto turístico de significativa importância para a economia da região e do país, num ambiente ideal para a realização de grandes negócios. Na atual edição, estão sendo investidos
cerca de R$ 4,3 milhões, gerados 1.800 empregos diretos e 5 mil vagas (diretas ou indiretas), e os reflexos na economia da região são de R$ 24 milhões nas cidades localizadas num raio de 80 quilômetros de Holambra. A produção representa cerca de 45% de toda a  comercialização no Brasil 

Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), apesar da grave situação econômica que vive o país, isso não está se refletindo no mercado de flores. A previsão é terminar 2017 com um crescimento próximo de 9% e faturamento estimado em mais de R$ 7,2 bilhões. Para este resultado positivo, a entidade aponta alguns fatores: a otimização de custos, investimento em novas variedades, como acontece na Expoflora, a disponibilidade das flores e de plantas ornamentais sempre mais próximas do consumidor nos locais de venda e o planejamento no longo prazo feito pelos produtores.    

O público que vai ao parque onde é realizada a Expoflora encontra uma
foto Ateliê da Noticia
completa infraestrutura no espaço de 250 mil metros quadrados, sendo que só a área de exposição de flores tem 750 m2. Dispõe de estacionamento para 5 mil veículos em sistema rotativo, duas praças de alimentação com 16 lanchonetes e sete restaurantes (de fast-food até pratos da culinária nacional e da cozinha típica holandesa), duas confeitarias típicas (Martin Holandesa e Doce Rosa), dois postos médicos, 220 sanitários, caixas eletrônicos (24 horas) e uma agência do Banco do Brasil, áreas de descanso com bancos à sombra de árvores, fraldário, bebedouros, lojas de souvenir, três pavilhões para vendas de mais de 2.500 variedades de flores, plantas e arranjos (Shoppings Vermelho, Verde e Azul), que oferecem 250 estandes com artesanato, produtos industriais para decoração, moveis e utensílios domésticos, e postos de atendimento com  equipes de apoio para informar e orientar os visitantes.

Museu, moinho e danças típicas

foto: Atelier da Noticia
A Holambra, antiga colônia holandesa, cujo nome vem da união das palavras Holanda, América e Brasil, é chamada, com toda razão, de “A Cidade das Flores”.  Claro, então, que elas são as donas da Expoflora que, todos os anos, serve de vitrine para as novidades e tendências para a floricultura nacional. Na atual edição, por exemplo, os lançamentos incluem os cactos mandacarú sem espinho; o cacto-coração; as mini-orquídeas phakaenopsis, com cerca de 60 flores em suas hastes; os kalanchoes de vaso nas variedades Chloe laranja, com leve fragância de mamão papaya, e Maxime, cor de rosa claro e com flores de 15mm, maiores do que as convencionais, e a lantana bandana, para jardins, com mix de cores diferentes, além das novas tonalidades das rosas Charm Candy Avalanche, diferenciadas por ter um botão principal e de dois a quatro secundários para aumentar o volume dos buquês.

O ideal é chegar  logo ás 9 horas e permanecer até os portões se fecharem, às 19 horas. Assim, dará tempo para ver as demais atrações, comer bem, fazer compras de artesanato ou souvenir e o seu vaso ou arranjo. De flores, sem dúvida.

O roteiro dos passeios pode começar pela Exposição de Arranjos Florais, em
foto: Ateliê da Noticia
12 ambientes, tudo muito criativo e exótico, produzidos pelos paisagistas e decoradores holandeses Jan Willem van der Boon e Jessica Drost. São utilizados na decoração, incluindo as reposições, 2.000 vasos de flores e 262 mil hastes de mais de 3.500 espécies diferentes, doadas pelos produtores das cooperativas.

Ao visitar a Mostra de Paisagismo, com 19 ambientes, os turistas recebem sugestões de especialistas sobre a melhor maneira de usar as flores e as plantas ornamentais em residências. Os projetos paisagísticos e de decoração mostram as tendências da primavera/verão.

Para aproveitar melhor o seu tempo, faça um city-tour pela Holambra, oportunidade em que conhecerá detalhes da história e da arquitetura da ex-colônia holandesa. No trajeto, há uma parada no Moinho de Vento, em tamanho natural e a um campo de cultivo de flores. 

foto Ateliê da Noticia
Outro atração é o Museu Cultural, que preserva toda a história da imigração e colonização holandesa no Brasil. São perto de 2 mil fotos e utensílios trazidos pelas primeiras famílias dos pioneiros. Ao lado do museu, os visitantes podem conhecer réplicas das casas de pau-a-pique e alvenaria, habitadas pelos imigrantes, com mobília e objetos usados por eles no seu cotidiano, além de uma exposição de maquinários e tratores antigos.

A partir das 14h00, em palcos instalados próximo das Praças de Alimentação, cada um com um nome e decoração de uma flor (Rosas, Lírios, Petúnias, Iris e Tulipas) há apresentações de grupos de danças típicas holandesas. Com uma ponta de orgulho, os organizadores garantem que se trata do único grupo no mundo a mostrar coreografias de diferentes regiões da Holanda. Tudo é resultado de uma minuciosa pesquisa feita pelo professor Piet Schoemaker. Os participantes, de acordo com a idade, são divididos em grupos que têm nomes de flores, escolhidos pelos próprios participantes.

foto: Ateliê da Noticia
As danças são inspiradas na natureza (dança da chuva, do pica-pau
foto Ateliê da Noticia
e a polca no gelo, que lembra a patinação), nas profissões e ofícios (sapateiro, lavadeiras, marinheiro, no ato de bombear água, na preparação da cerveja), nas colheitas (carregador de feijão, cevada madura) ou mesmo em histórias sobre a origem e as tradições do povo holandês, representadas por meio de valsas, marchas, mazurcas e o schots (que se tornou xote). Também há exibição de dança do ventre e shows da Fanfarra Amigos de Holambra, com 70 integrantes que usam tamancos de madeira como instrumentos de percussão e trajes típicos do seu país.

foto: Ateliê da Noticia
No final da tarde, ás 16h30, o público se dirige para perto do Palco do Moinho, onde há a concentração para a "Parada das Flores". O espetáculo reúne todos os artistas em um desfile e, durante o percurso  os visitantes seguem a marcha e tomam parte na festa. Nesse clima, ao som de muita música, percorre-se toda a extensão do parque até chegar ao local para assistir à fantástica "Chuva de Pétalas". É uma sensação indescritível ficar sob uma chuva de 150 quilos de pétalas de rosas, lançada no ar por um canhão especialmente projetado para a Expoflora.

Quando o tempo colabora, e desde que haja disponibilidade de flores, pode acontecer um replay do espetáculo, às 17 horas. E com uma novidade: o lançamento é feito a partir de um helicóptero, e o vento espalhe as pétalas por todo o parque. Nenhum turista reclamará se isso acontecer sempre.

Delícias gastronômicas

A Expoflora é também uma boa oportunidade para se provar algumas das delícias da culinária holandesa nas duas praças de alimentação. E de uma forma bem criativa e inovadora. São servidas em potinhos, com pétalas vermelhas, amarelas e laranjas prontas para serem degustadas.

foto: Ateliê da Noticia

Entre as novidades deste ano, estão sobremesas no formato de flores, como a Appelbloem (flor de maçã na junção das palavras holandesas appe - maçã e bloem - flor) da Confeitaria e Restaurante Martin Holandesa, e a Flor da Terra, uma rosa de biscoito, bolo de chocolate triturado e brigadeiro de hortelã, tudo dentro de um vasinho, no Casa Bela. Há também a torta Toffee com ganache de especiarias. Já o Oma Bepple apresenta uma versão do stroopwafel, um biscoito típico holandês tipo waffle recheado com calda de caramelo e com cobertura de chocolate.
foto: Ateliê da Noticia
Não faltam os pratos típicos, como o Eisben (joelho de porco), que é servido desfiado junto com salsichões e escondidinho sob dois purês de batata e de queijos (Hollandse Verbogern), e o Prato do Opa (vovô em holandês), um filé mignon grelhado e servido com três purês típicos, molho de maçã verde e cebola échalote.
As crianças podem experimentar o Picolelé, que elas montam do jeito que preferirem. É uma novidade da sorveteria Vanilia Ice, que também criou para esta edição sorvetes de beterraba e de bacon.

Origem de Holambra

Terminada a 2ª Guerra Mundial, que devastou a Europa, levas de imigrantes de diversos países escolheram o Brasil em busca de novas oportunidades          para recomeçar a vida. Por meio da KNBTB (Katholieke Nederlandse Boer en Tuiemers Bond), que significa Organização dos Lavradores e Horticultores Católicos da Holanda, houve contatos com o governo brasileiro e ficou acertada a compra da Fazenda Ribeirão, em 1948, de propriedade do grupo norte-americano Amour. Os recursos foram concedidos pelos governos da Holanda, do Brasil e do Estado de São Paulo.

 Com o apoio, foi iniciado um projeto de colonização agrícola nas terras localizadas entre os municípios de Jaguariúna, Santo Antônio de Posse, Artur Nogueira e Cosmópolis, coordenado pela Cooperativa Agropecuária Holambra. Esta foi a base da futura comunidade que se emancipou oficialmente em 30 de dezembro de 1992, após um plebiscito realizado em ano antes.

fonte Ateliê da Noticia
Mas, o início não foi fácil para os imigrantes holandeses, que  tiveram que superar toda sorte de dificuldades como a clima, língua, costumes, religião e cultura no convívio com os brasileiros. Além disso, as primeiras tentativas de criar o gado holandês não tiveram êxito e a agricultura, que era a proposta original, também não deu certo pela falta de orientação e adaptação das culturas escolhidas, principalmente a batata. Muitas famílias desistiram e regressaram para a Holanda ou foram para o Sul do Brasil.

Para os que ficaram, tudo começou a melhorar com a implantação de uma fábrica de ração e do abatedouro de aves, a venda de ovos e a produção de frutas cítricas que possibilitaram bons rendimentos por algumas décadas. Mas, efetivamente, as coisas mudaram definitivamente a partir do momento em que a colônia decidiu pelo cultivo de flores, particularmente com a importação de tecnologia vinda da terra natal, a Holanda.

 Hoje, a ex-colônia holandesa é uma das cidades mais seguras e de melhor qualidade de vida no país. Apesar de ter uma população que não chega a 13 mil habitantes, ganhou projeção internacional com a Expoflora, a maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, e responde por 45% da  comercialização no Brasil.  E se transformou num destino turístico cada vez mais procurado nesta época do ano.   

 Serviço

A Expoflora ficará aberta até o dia 24 deste mês, no horário das 9 às 19 horas, Os ingressos (R$ 46,00) podem ser comprados na bilheteria do próprio Parque, nos dias do evento, no site www.ingressorapido,com.br  ou com os representantes informados no site www.expoflora.com.br

Mais informações com o Ateliê de Notícias – (19) 3252-9385 – expoflora@ateliedanoticia.com.br

Um comentário:

  1. Oi amor. Depois do guarda Luizinho, esse post foi para mim o melhor até agora. Parabéns querido, maravilhoso, fotos lindas e um texto muito agradável de se ler. Bj.

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